Fazenda Capôlo no inicio... "CRÓNICAS DA C.A.D.A." = FAZENDA CAPÔLO =10ª EDIÇÃO CAPÔLO Administrativamente a Longanhia estava na sujeição ao Posta Administrativo de Capôlo e esta terrinha tão minúscula, de uma vez que lá fui não vi mais que meia dúzia de casas. E porque fomos lá? Era Administrador um senhor, melhor dizendo, um rapaz de figura agradável, de constituição bem formada e que vivia lá com a sua esposa, uma mulher também jovem e bonita, com um casamento bastante recente. Acontece que num certo dia recebemos mensagem já não sei se por mensageiro se por rádio de que a esposa teria tido um bebé mas que lhes parecia que tinha um defeito físico bem visível para eles na parte mais baixa da coluna. A esposa chorava e o pai ansiava para que fôssemos sossegá-los. Eu não sei mas para lá o caminho seria difícil e extenuante e recordo que naquela altura talvez impossível por carro porque o rio Longanhia estava numa enchente das maiores recordadas que tornava impossível ver o seu curso. Telegrafou-se para o médico e este respondeu o óbvio: seria difícil chegar lá e depressa já que estradas não as havia com tanta água. Se tivesse possibilidades de lá ir depois o informaria. E assim foi. Estudada a melhor solução, concluiu-se que seria por barco a melhor e única. Chamado o Sr. Abreu perguntou-se-lhe se conseguia orientar-se e ele disse que sim, sem hesitação. Rebocador a trabalhar. A bordo eu mais o Chefe da Fazenda, um ajudante e o mestre em navegação. Mal saímos e vejo que o rio era um autentico mar em toda a vista. O que se destacava da água eram algumas copas de árvores em especial palmeiras. Confesso que não me senti muito seguro mas a troca de informações de rumo entre timoneiro e ajudante iam- nos levando numa viajem sem precalços. Parece que aquele mar de água tinha para eles balizas de orientação. Já me não lembra quantas horas demorámos mas creio que entre a chegada e a hora de almoço muito pouco distou. Atracámos e com os cumprimentos de alívio notava-se a preocupação e ânsia no pai. Fomos ver o bébé que teria três a quatro dias era uma bela criança, mas ao verificar a lesão sem o afirmar disse-lhe que se tratava de uma espinha bífida com fístula que já drenava pus pelo que estaria infectada. Não disse muito mais com receio de errar mas fui dizendo que pelo que sabia o caso não seria assim tão fácil de resolver. O melhor seria vir connosco e ir-se-ia tratar de contactar o médico e acreditava que teria de seguir ou para o Hospital de Estado ou para o nosso Hospital Central. Não aceitaram e pediram para contactar o médico dizer-lhe algo por rádio e eles iriam procurar alguma solução na Saúde Estatal. O nosso médico confirmou-me o que eu tinha pensado ser do caso, e quando consegui contacto com eles dera-me a notícia de que o bébé os teria já deixado. Não estranhei mas senti qual deveria ser o sofrimento daqueles pais, casados de fresco, novos, isolados e verem-se assim despojados do primeiro filho, um rapaz. A viajem de regresso foi ainda mais lenta pela corrente que se fazia sentir mas foi bela porque ainda vimos o sol no seu ocaso fazendo cores que se reflectiam como figuras naquela imensidão de águas. Faro 2007 De Augusto Rebola AVISO - Estes escritos estão registados e protegidos pelo IGAC. |
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